COLUNA EDUCAÇÃO FINANCEIRA COM RAFAELLA FERREIRA!! #03

26/07/2024 

JÁ PENSOU COMO DESISTÊNCIA DE BIDEN NOS EUA AFETA A BOLSA BRASILEIRA? 



E O REAL?

Atualmente, vivemos em um mundo totalmente globalizado, ou seja, o que afeta nossa moeda ou investimento não depende exclusivamente do Brasil. 

Grande parte dos eventos recentes como a Guerra da Ucrânia, instabilidade política na França, Olimpíadas e até mesmo a eleição  norte americana afetam diretamente na realidade do nosso país. E como a desistência de Joe Biden, atual presidente dos Estados Unidos, foi motivo de grande repercussão nas redes sociais essa semana, vamos entender um pouco sobre como esse acontecimento altera o Brasil e o nosso Real. 

CONTEXTO 

Primeiro vamos a uma contextualização para quem ainda não ouviu sobre o assunto. Esse ano (2024) é ano de eleição nos EUA, e boa parte dos norte americanos estão insatisfeitos com a situação econômica atual do país, com alta da inflação e, consequentemente, de diversos produtos e serviços. 

A grande disputa dessa eleição é entre Donald Trump (partido Republicano) e Joe Biden (partido Democrata). A agenda de Trump tende a ser mais protecionista com propostas de aumento nas tarifas de importação, redução de impostos, economia liberal e limite na entrada de imigrantes. Por outro lado, o partido de Biden tende a ser mais moderno, defendendo a participação do governo em questões econômicas, junto com o chamado Estado de bem-estar social. 

ATUALMENTE 

No último dia 21, Biden, o atual presidente norte-americano, anunciou sua saída da corrida presidencial, impactando os sentimentos de mercado dos investidores, que especulam como isso afetará o mercado. Com a desistência de Biden, a vitória de Trump parece mais concreta. Mesmo sendo cedo demais para criar conclusões sobre desdobramentos econômicos, algumas pistas já começam a surgir. 

Mesmo com a desistência de Biden e o apoio dele a suposta candidata Kamala Harris, o cenário da eleição continua o mesmo, apontando vantagem para Trump. Esse fato pode mudar caso novos nomes apareçam durante essa semana.

Segundo analistas, a eleição de Trump poderia se traduzir em inflação e juros mais altos, principalmente a curto prazo, nos Estados Unidos. A perspectiva da possível volta de Trump fomentou o mercado e refletiu em uma “corrida para o dólar”, levando o preço da moeda a R$ 5,60 na última semana. Por exemplo, conforme o ex-presidente ganha forças, principalmente devido ao atentado, as ações ligadas a economia doméstica ganharam força por lá. Isso acontece porque a política econômica liberal de Trump reflete em maior número de decisões econômicas tomadas por empresas e indivíduos, e não pelo Estado ou por organizações coletivas, cenário que anima investidores e empreendedores. 

É possível que a agenda do candidato culmine em mais inflação, e é aí que o Brasil entra na conversa. 

NO BRASIL 

Caso o Trump ganhe, a expectativa é de um cenário mais protecionista para os Estados Unidos. O que sugere mais tarifas de importação, principalmente sobre a China, que é um forte parceiro comercial do Brasil. Então, uma eleição de Trump afetaria negativamente desse ponto de vista, porque os EUA ficariam mais protecionistas, mais autocentrados”, afirma Paula Zogbi, gerente de análises da Nomad. 

Ou seja, juros americanos que já estão em patamares recordes (5,25% e 5,5%) poderão subir ainda mais, o que atrai bastante capital de investimentos para ativos estado-unidenses que tem seus rendimentos atrelados aos juros.

 

"Que que o Brasil tem a ver com isso, Rafa?!” 

Quanto mais altas são as taxas de juros americanas, mais o Brasil também precisa mantê-las um pouco mais altas, para que os investimentos aqui consigam “competir" com os investimentos de lá e atrair os investidores. 

Em um cenário de reeleição do ex-presidente, os juros nos EUA podem subir, assim como os do Brasil, o que pode penalizar a bolsa brasileira. Além disso, podemos ter uma alta ainda maior no dólar, caso investidores estrangeiros entendam que investir lá é melhor que investir aqui, mesmo com a Selic alta. 

Portanto, em um caso “mais complicado”, torna-se imprescindível que o Brasil reaja no ponto de vista fiscal, diz Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos. Como o Brasil poderia proceder nesse caso? Priorizar contas/dívidas públicas mais saudáveis (eliminando a percepção de risco para investidores, diminuindo a possibilidade de uma disparada na inflação e até mesmo calote). Esse ambiente proporcionaria mais confiança e credibilidade para atrair investidores para aplicar capital no mercado brasileiro.

Boa semana a todos!!

Rafaella Ferreira

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