Funcionários dos Correios iniciaram, na noite da última segunda-feira (17), uma greve nacional por tempo indeterminado. Segundo a
Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares
(Fentect), parte dos trabalhadores decidiu cruzar os braços em protesto contra
a proposta de privatização da estatal e pela manutenção de benefícios
trabalhistas. A categoria também reivindica mais atenção, por parte da
empresa, quanto aos riscos que o novo coronavírus representa para os
empregados.
De acordo com a direção da empresa estatal, um primeiro
levantamento parcial, realizado na manhã desta terça (18), apontou que 83% do
efetivo segue trabalhando normalmente, e que a paralisação parcial não afeta o
atendimento aos clientes. Já a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas
dos Correios e Similares (FENTECT) informou que a greve da categoria teve adesão de 70% dos trabalhadores em todo o
país. (continua após a publicidade)
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Em nota, a federação sindical afirma que dirigentes
sindicais vinham tentando negociar as reivindicações dos trabalhadores com a
direção da empresa desde o início de julho. “No entanto, além de se negar a
negociar, a diretoria surpreendeu a categoria ao revogar o atual Acordo
Coletivo de Trabalho (ACT), que estaria em vigor até 2021”, sustenta a
federação, acrescentado que, com a suspensão do ACT, 70 cláusulas foram
revogadas unilateralmente.
De acordo com a Fentect, entre os benefícios suspensos
com a decisão da empresa estão o vale alimentação; auxílio creche; adicional de
risco de 30%; licença maternidade de 180 dias; indenização por morte; auxílio
para filhos com necessidades especiais; pagamento de adicional noturno e horas
extras, entre outros.
Os trabalhadores também temem pela possibilidade de
privatização dos Correios. E lembram que, para minimizar os riscos de contágio
pelo novo coronavírus, tiveram que recorrer à Justiça a fim de garantir o
fornecimento de equipamentos de segurança, alcool em gel, testagem e
afastamento dos empregados que fazem parte de algum grupo de risco, bem como
daqueles que moram com crianças em idade escolar ou com outras pessoas que
integram algum grupo de risco. “A direção da ECT buscou essa greve. Retirou direitos em
plena pandemia e empurrou milhares de trabalhadores a uma greve na pior crise
que o país vive”, afirma o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva,
em nota divulgada pela federação. “Lutamos pelo justo. Lutamos para que as
nossas vidas e empregos sejam preservados.” (continua após a publicidade)
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Embora afirme que a paralisação não afetou o atendimento
nas agências de todo o país, a direção da empresa revelou, em nota, ter adotado
medidas administrativas para minimizar eventuais prejuízos à população,
incluindo a realização de mutirões. Já sobre o andamento das negociações com as entidades
sindicais, a direção da empresa afirma ter priorizado a sustentabilidade
financeira dos Correios, de forma a “retomar seu poder de investimento e sua
estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia”.
De acordo com a empresa, as medidas de contenção adotadas
visam a economizar em torno de R$ 600 milhões anuais, enquanto as
reivindicações dos empregados, se integralmente atendidas, significariam um
custo adicional da ordem de R$ 1 bilhão ao ano. “Trata-se de uma proposta
impossível de ser atendida”, afirma a direção da empresa, sustentando que
nenhum benefício previsto no ACT foi retirado. “Apenas foram adequados aqueles
que extrapolavam a Consolidação das Leis Trabalhistas CLT) e outras
legislações, de modo a alinhar a estatal ao que é praticado no mercado”.
A direção da empresa garante que, por conta da pandemia
do novo coronavírus, autorizou os empregados de grupos de risco, bem como
aqueles que coabitam com pessoas nessas condições –, a trabalharem de suas
casas, “sem qualquer perda salarial”. Fonte: Agência Brasil