Está circulando nas redes sociais que pimenta preta, mel
e gengibre misturados são eficazes contra o coronavírus. É
#FAKE.
A mensagem falsa diz: “Finalmente, um estudante indiano
da Universidade Pondicherry chamado Ramu encontrou uma cura com remédio caseiro
para a Covid-19. É a primeira vez que é aceita pela OMS. Ele provou que
adicionando 1 colher de sopa de pó de pimenta preta a 2 colheres de mel e um
suco de gengibre por 5 dias consecutivos você suprimiria os efeitos do corona.
E, eventualmente, vai embora 100%. Todo o mundo está começando a aceitar esse
remédio. Finalmente, uma boa notícia em 2020!”
Lina Paola, infectologista da Beneficência Portuguesa de
São Paulo, alerta que a mensagem não tem fundamento algum, e que, por ora, nada
mudou em relação à prevenção e ao tratamento da Covid-19: não existem remédios
caseiros nem comprados em farmácia que possam prevenir ou neutralizar a
infecção. “É falso que a Organização Mundial de Saúde tenha
aprovado essa tal cura indiana. Não tem nenhum artigo científico que fale que a
mistura citada cure a infecção pelo coronavírus. E esse tipo de produto pode
ocasionar alergia em alguns pacientes que consumirem em grandes dosagens. Então
não é recomendado fazer uso dessa mistura. As recomendações continuam sendo as
mesmas: fazer o isolamento social, usar máscaras e lavar as mãos”, afirma
Paola. (continua após a publicidade)
Renato Kfouri, infectologista e presidente do
Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, reforça o
alerta quanto a falsas promessas que circulam nas redes sociais, e ressalta que
a propagação dessas mensagens é perigosa, porque pode levar as pessoas a
relaxar nas medidas que realmente funcionam. “Não há qualquer evidência de que alimentos ou
fitoterápicos coíbam a multiplicação viral ou sirvam para tratamento. Mesmo
para as drogas baseadas em substâncias naturais, como os quininos, caso da
cloroquina, inexiste demonstração de ação viral. Que dirá pimenta, gengibre,
chás... Esse tipo de informação falsa pode criar uma falsa sensação de
proteção, e o consequente relaxamento das medidas eficazes de verdade. É um
desserviço o compartilhamento desse tipo de mensagem”, diz Kfouri.
O pneumologista Rodolfo Fred Behrsin, professor do
Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, salienta que substâncias passam por
testes longos antes de serem liberadas para uso pela população. Ou seja, uma
novidade no escopo da pandemia do coronavírus não será divulgada dessa forma. “É mais uma receita sem comprovação alguma para a
Covid-19 a vir a público. O fato de usar alimentos e temperos do dia a dia, com
um sabor forte, dá à mensagem uma falsa sensação de seriedade, mas a mistura
não tem essa capacidade de cura. Infelizmente, as pessoas não têm noção do
rigor dos testes que qualquer medicamento deve passar para se confirmar sua
eficácia”, diz.
A infectologista Eliana Bicudo, assessora técnica da
Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a mensagem parte do princípio
de que “o que arde cura”, mas não procede. “É mais um chá milagroso fazendo
parte da cultura popular, sem efeito para Covid-19”. Nos últimos meses, a equipe do Fato ou fake vem
desmentindo uma série de informações falsas sobre curas milagrosas para a
doença que podem ser preparadas em casa, e que envolvem chás, alimentos e
plantas medicinais. Até o momento, nada foi chancelado pela OMS nem pelo
Ministério da Saúde. Fonte: O Extra