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Imagine chegar à emergência de um hospital com fortes
dores e não conseguir passar para o médico o que está sentindo? O casal Patrick
Elias e Raquel Talon, que são surdos e não aprenderam a falar, faz
parte dos mais de 9,7 milhões de pessoas que têm deficiência auditiva no
Brasil, segundo o IBGE. Mas ao procurar o Pronto Socorro em Italva, no último
domingo (28/04), o auxiliar de serviços gerais, de 40 anos, servidor da
Prefeitura Municipal de Italva e, a artesã, de 27, foram surpreendidos pela
atitude do médico, que começou a se comunicar em Libras, a Língua Brasileira de
Sinais. Quem ajudou a intermediar a entrevista foi a cunhada de
Patrick, Rilva Oliveira.
Se para o casal foi a primeira experiência, para o Dr.
Fred Nicácio, de Campos dos Goytacazes, foi a terceira. Ele contou à reportagem
que não é fluente em Libras, mas consegue se comunicar e entender os sintomas
do paciente. “Eu consigo entender o que eu preciso para medicar, saber
mais sobre a doença e sobre os sintomas deles. Parece que não vai sair, que
você não sabe nada, mas na hora sai”, disse o médico. Neste feriado de primeiro de maio, Dia do Trabalhador,
foi o fato mais comentado nas Redes Sociais. Muitos internautas ficaram
surpresos com a forma de tratamento do médico com o casal.
Dr. Fred explica que a Língua Brasileira de Sinais é uma
matéria eletiva disponibilizada por algumas faculdades, mas, para ele, deveria
ser obrigatória. “É de suma importância que os médicos saibam pelo menos o
básico de Libras. Eu já tive experiência na adolescência, então, para mim, foi
algo mais fácil. Mas existia na minha faculdade a matéria eletiva, e
pouquíssimos alunos faziam. Pelos menos na área de saúde, deveria ser de ensino
obrigatório, como na fisioterapia, odonto e enfermagem. Não sei se Libras é
disponível em todas as faculdades, mas, na minha, pra minha sorte, tinha”,
explica.
Com mais essa experiência, Dr. Fred disse que vai
continuar se aprimorando em Libras. “Eu acho que outros vão me procurar, pois agora todo
mundo tá sabendo. Vou ter que me preparar um pouco melhor”, brinca, mas falando
sério, pois, para ele, conseguir compreender o outro é um gesto de amor. E
dessa disciplina, Dr. Fred entende bem. “Uma amiga me disse que eu sou fluente na
linguagem do amor, e que isso é universal. Foi tão gostoso de ouvir, pois
fazendo as coisas com amor, elas acontecem. Pode não sair perfeito, mas sai da
melhor maneira possível”, disse o médico, que também postou o encontro
inclusivo nas redes sociais. Com informações do G1/NF