Então estamos em 2019. É,
o tempo é implacável. Para muitos de nós parece que foi ontem que nos
preocupávamos com o bug do milênio e começávamos a nos encantar com a internet,
que já existia fazia algum tempo, mas que chegava ao público do país naquele
momento. As informações chegavam mais rápido e a comunicação entre todos
evoluía de forma espantosa e claramente estávamos entrando em uma nova era
digital.
Muitos jovens já nasceram e
cresceram com tudo isso no dia a dia. Desconhecem as cartas e os cartões
enviados pelos correios e escritos manualmente. Nunca sentiram a ansiedade de
esperar uma revista ou jornal na banca para conferir uma publicação sobre algo
de muito interesse. A grande maioria nunca se irritou com fantasmas e o
vertical da TV e muito menos ficou horas ouvindo músicas e venerando o encarte
do novo disco que comprou ou ganhou.
Não tínhamos celulares com
internet e por isso marcávamos encontros nas praças, lanchonetes, barzinhos ou
na casa de alguém para jogarmos jogos de tabuleiro, tocar violão e cantar
músicas que ouvíamos no rádio, contar piadas, paquerar ou simplesmente jogar
conversa fora. Não era preciso ter algum evento na rua para os jovens lotarem
os pontos de encontro da cidade.
A tecnologia chegou, não
de uma hora para outra, mas foi invadindo nossas casas e ao poucos mudando
nossas vidas, trazendo com ela o tão temido bug do milênio. Mas ao que parece a
pane não atingiu os computadores, mas vem confundindo uma geração que está
acostumada com algumas facilidades que de certa forma atrapalham seu
crescimento como pessoa humana.
Os tempos são outros e ao que
parece a humanidade não estava preparada para tamanho avanço. Estamos em um
momento em que não conseguimos acompanhar a quantidade de informações que
chegam ao aparelho celular. Uma avalanche de notícias nos confunde a todo tempo
e coloca em dúvida a veracidade das histórias. Com o advento das redes sociais
o mundo virtual virou uma grande redação jornalística sem edição, revisão,
conferência ou ética.
A tradicional “fofoca” de
rua ganhou uma turbinada com os aplicativos de troca de mensagens e chega a um
número espantoso de pessoas em velocidade alarmante. Relações estão se
deteriorando e as pessoas se isolando, ficando entediadas e com enormes
dificuldades em se relacionar. A tecnologia da informação e a vasta
aceitação das redes sociais vieram com o propósito de deixar nossa vida mais
conectada e, em vários níveis, muito mais fácil. Mas os efeitos colaterais
disso são refletidos claramente nos relacionamentos interpessoais.
Quase 20 anos após o
tão anunciado bug do milênio, percebo que os computadores estão cada vez
melhores, já nós, não tenho tanta certeza.