Essa semana um assunto muito comentado nas redes sociais
e na mídia em geral foi o caso que aconteceu em uma sala de aula de um Ciep na
cidade de Rio das Ostras no litoral Fluminense, onde um aluno humilhou e
agrediu um professor em sala de aula. A ação foi gravada por um colega de
classe e o vídeo foi parar na internet. Pronto. Foi o estopim para que meio
mundo tomasse as dores do professor, apresentasse as soluções para o caos da
educação no país e para que aparecesse dezenas de outros casos parecidos. Mas
afinal, o que de fato está acontecendo com os estudantes de hoje para tomarem
atitudes tão agressivas com aqueles que somente querem lhe dar algo de bom?
Não é tão simples apontar apenas uma questão que possa
ter desencadeado tudo isso. Ao longo dos anos, uma série de mudanças na
sociedade, e não somente na educação escolar em si, vem contribuindo para a
deterioração do magistério. É claro que quando algo de ruim vem à tona acerca
da educação no país, tudo é colocado na conta do governo e é bem verdade que há um descaso de anos, com professores
desvalorizados, escolas sucateadas, transporte inadequado ou até mesmo a falta
dele, programas pedagógicos inadequados ou insuficientes enfim, nossas
autoridades têm falhado muito nesta questão, mas quando vemos problemas de disciplina
e a falta total de interesse como vimos no vídeo, penso que temos outros
culpados nessa estória.
Educação tem de vir do berço e cabe a família
responsabilizar-se por isso. Se cada família praticasse esta máxima: Educar os
filhos dentro de princípios morais e boas maneiras, com certeza não teríamos professores
frustrados e exauridos devido a falta de educação de muitas crianças e jovens. Todos os dias em milhares de salas de aula
espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, crianças e jovens chegam ao ápice da
malcriação, destilando todo tipo de impropérios nas dependências da escola e
fora dela, comunicando-se uns com os outros aos berros de forma
rude e irônica, tratando mal os colegas, professores e demais funcionários da escola.
Talvez esteja faltando limite em casa, mais atenção por parte dos pais sobre a
forma como o filho tem se comportado em todos os ambientes. Talvez estejam lhe
mostrando um mundo diferente do real, quando lhes dão tudo e lhes defendem de
todos, como se a razão só estivesse de um lado. Seres humanos crescendo sem
limites, sem controle e sem respeito.
Antes, e não muito antes, o professor era visto como
alguém especial. Para muitos era quase uma autoridade, alguém a quem devíamos
todo nosso respeito e admiração. Não à toa que eram também chamados de mestres.
Lembro-me perfeitamente que, quando ainda era estudante, via os meus mestres
como pessoas especiais. Encontrá-los por acaso na rua era algo peculiar e recebê-los
em nossa casa era motivo para se gabar. O professor está lá para nos ensinar
português, matemática, ciências e artes, mas se soubermos aproveitar e darmos e
ele a oportunidade, ele também nos mostrará além disso e nos fará pessoas de
bem, seres humanos melhores e ficarão eternamente guardados em nossa memória
por fazer parte do nosso crescimento pessoal e profissional.
Esses jovens que não respeitam o professor, não tem
disciplina, não querem estudar, fazem chacota da aula e das provas, pensam que
estão abafando, são descolados e donos de si, estão fadados ao fracasso. O que
acham que conseguirão em suas vidas futuras com atitudes assim? O mundo real, sem a proteção paternal, é um labirinto de
questões que devemos desvendar a partir de uma educação decente e bem
aproveitada. Se o futuro fosse um The Walking Dead, justificaria essas atitudes
boçais de jovens que na minha opinião não deveriam nem pisar na escola. Estudar
nunca deveria ser obrigação, mas uma opção inteligente. Eu como pai tento fazer
a minha parte e busco não me enquadrar em uma geração de bitolados criando uma
geração de fracassados. Por Erivelton Mendes