EVITEMOS O JEJUM DE FACHADA
(Por Erivelton Mendes)
O papo hoje é bem direcionado e espero que entenda que não
se trata de uma crítica a igreja e sim ao fato de estarmos perdendo aos poucos
o sentido de certos costumes. Desde que me entendo por gente sou Cristão
Católico Apostólico Romano e enxergo verdades absolutas na minha religião e me sinto a vontade para falar, pois vivo e estudo a minha fé. Mas
ao longo dos meus anos como católico praticante venho observando que muitas
ações estão perdendo seu sentido real e virando atos mecânicos e
pré-determinados, não por culpa da igreja, mas pela influência da vida moderna
e hipócrita que levamos. Um exemplo clássico é o jejum, lembrança oportuna já
que estamos vivendo a Quaresma (período de quarenta dias que antecede a Páscoa)
Nos meus primeiros passos aprendi que o jejum devia ser feito na sexta-feira
santa (abstinência de carne vermelha) e na quarta-feira de cinzas (de fato são
as duas datas exigidas pela igreja). Com o passar dos anos, fui orientado a
jejuar durante toda a semana santa e agora em toda quaresma (não como
obrigação, mas como mortificação). Mas percebi que tudo isso passa a ser
irrelevante se não mudarmos de fato o nosso comportamento, nos arrependermos de
nossas mazelas e inconsistências da fé.
Do que adianta eu não comer carne vermelha e me empanturrar com os venenos da
língua e devorar a integridade física e emocional do próximo? Guardar o jejum
durante quarenta dias e permanecer frio, arrogante, prepotente, preconceituoso,
soberbo, egoísta entre outras pechas que praticamos no
nosso dia a dia? Nossas atitudes devem ser voltadas para a apreciação de Deus e
não para mostrar, aos que estão ao nosso redor, o quão grande é nossa fé e o
nosso sacrifício carnal.
Não tenho dúvidas que o verdadeiro jejum é recolhimento excelente para nos
desapegarmos das coisas desse mundo e nos colocarmos humildemente aos pés de
Deus, mas precisamos reaprender a nos conectarmos verdadeiramente com o
criador.