PESQUISADORAS ALEMÃS AVALIAM DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA E DO MEIO AMBIENTE EM ITALVA

Por: Aline Proença

Em execução há quase dois anos, o Projeto Intecral -  Integração de Ecotecnologias e Serviços para o Desenvolvimento Rural Sustentável no Rio de Janeiro é uma cooperação entre o Programa Rio Rural e o Ministério Federal da Educação e Pesquisa da Alemanha para implantação de tecnologias na agricultura familiar. Neste primeiro semestre, sete estudiosos alemães estiveram no interior fluminense realizando pesquisas junto aos produtores de microbacias hidrográficas.

Um dos trabalhos em andamento é o da cientista política Sara Kupka, mestranda em Gestão de Recursos Hídricos da Universidade de Ciências Aplicadas de Colônia, na Alemanha. A pesquisadora está em Italva há cerca de dois meses,buscando compreender como a zona rural do município está se adaptando às mudanças climáticas e de que forma as políticas públicas estão influenciando esse processo, por meio do estímulo à agricultura sustentável.
“No Nordeste brasileiro, a seca é comum há muitos anos. No interior do Rio, apesar de não ser novidade, a seca deve se tornar extremamente severa nos próximos anos, segundo estudos climáticos. A agricultura tem que estar preparada para isso e os governos municipal, estadual e federal precisam participar com processos de adaptação”, enfatiza Sara Kupka.

A pesquisadora cita que ações de racionalização dos recursos hídricos, como o reaproveitamento da água de chuva, por exemplo, são importantes para manter a umidade no solo, fundamental para a saúde da lavoura. A cientista política comenta também que as mudanças climáticas vão interferir ainda mais no dia a dia dos agricultores. Segundo Sara, como o ciclo de chuvas vem mudando, é preciso que o plantio também seja feito em época diferente da habitual e que as políticas públicas incentivem o plantio de espécies mais resistentes à seca.

Sara Kupka visitou três agricultores em cada microbacia de Italva, perfazendo o total de 18 entrevistas. Uma dessas conversas aconteceu na propriedade do produtor Almeirindo Corrêa, da microbacia Valão Carqueja. Este ano, Almeirindo teve parte da plantação de quatro mil pés de tomate comprometida. “Nunca me aconteceu isso. Plantei uma nova espécie e os tomates racharam  por causa do calor excessivo. Não dá para controlar a natureza. O que me salvou é que a lavoura de pimentão está indo muito bem”, disse ele.




As ações do Programa Rio Rural  de incentivo ao desenvolvimento sustentável têm como um de seus eixos a gestão dos recursos hídricos. Por meio da campanha Água Limpa para o Rio Olímpico, mais de 3.120 nascentes foram protegidas nos últimos seis anos.

Para o secretário estadual de Agricultura, Christino áureo, a campanha, bem como as práticas sustentáveis do Rio Rural são exemplos de sucesso. “O programa está transformando o perfil da agricultura familiar no estado e contribuindo para diminuir a vulnerabilidade dos produtores aos efeitos provocados pelas mudanças climáticas”, declarou.

A cientista política também realizou entrevistas em Brasília e no Rio de Janeiro, onde conversou com representantes de órgãos ligados ao meio ambiente. Sobre o Programa Rio Rural, Sara Kupka disse que os resultados são positivos. Segundo ela, pela observação de áreas vizinhas no campo, é possível facilmente perceber terrenos degradados e terrenos recuperados.

“Também fiquei surpresa com a participação das pessoas, o interesse em opinar sobre as questões comuns. O formato do programa em microbacias é interessante, pois existem os subprojetos individuais e os grupais e isso fortalece a conexão social”, frisou ela.
Impactos dos estudos

Outra pesquisadora também esteve recentemente no interior do estado trabalhando no Projeto Intecral. Durante duas semanas, a bióloga alemã Diana Birnbaum fez pesquisas em Italva, no Noroeste Fluminense, e em Nova Friburgo, na Região Serrana. Nos dois municípios, ela averiguou as características da mata ciliar e dos rios. O trabalho foi realizado por meio de georreferenciamento. Através da análise do desenho dos cursos d’água, é possível prever se há possibilidade ou não de enchente, pois quanto mais curvas, menor a velocidade da água.

O supervisor do escritório local da Emater-Rio em Italva, Carlos Marconi, explica que as pesquisas do Intecral são importantes para o aprimoramento das ações de governo. “Essas pesquisas se tornam balizadoras do trabalho que vem sendo desenvolvido, o que pode ser modificado, onde podemos aperfeiçoar nossa atuação”, defende o extensionista.
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