AGRICULTORES SÃO BENEFICIADOS COM SISTEMA QUE MELHORA AS
PASTAGENS E A PRODUÇÃO DE LEITE
O Programa Rio Rural, da Secretaria Estadual de
Agricultura, promoveu, na última terça-feira (10/11), a Oficina Tecnológica
Banco de Forrageiras, no município de Italva, no Noroeste fluminense. O
objetivo do evento, realizado em parceria com a Emater-Rio e a Pesagro-Rio, foi
criar um banco de proteínas para melhoria da produtividade da pecuária de
leite, mostrando aos criadores os conceitos utilizados no cultivo das forrageiras
em sistema silvipastoril. A atividade faz parte do Projeto Intecral (Integração
de Ecotecnologias e Serviços para o Desenvolvimento Rural Sustentável no Rio de
Janeiro), uma parceria científica com o governo da Alemanha, que promove o
acesso a tecnologias adequadas à agricultura familiar no Estado.
O evento aconteceu na propriedade rural do produtor
Josué Gomes Moreira, da microbacia Córrego do Marimbondo, onde foi implantada
uma Unidade de Pesquisa Participativa, e reuniu 27 produtores de seis
microbacias: Valão Carqueja; Valão do Carcanjo; Coleginho/Olho D’água; Córrego
do Marimbondo; Valão da Prata e Santa Joaquina. Na ocasião houve uma simulação
de plantio de forrageiras para beneficiar as pastagens para o gado. De acordo com Samuel Oliveira de Souza, consultor
do Programa Rio Rural e da Pesagro-Rio, o banco de forrageiras melhora as
pastagens aumentando assim a produtividade. “Entre as vantagens desse sistema,
temos a estocagem de forragens ricas em proteína, mais sombra para os animais e
a fixação de nitrogênio no solo, o que diminui a erosão, melhorando também a
paisagem”, frisou o consultor.
O banco de forrageiras é feito por meio do plantio
de mudas das leguminosas GliricídiaSepium e Leucena e do amendoim forrageiro e
tem também a vantagem de eliminar custos com ração e energia, além de melhorar
a produtividade. “Esse sistema irá melhorar as condições dos solos
nas propriedades e contribuir para o aumento de cerca de 20% a 30% na produção
de leite. Hoje estamos implantando uma unidade piloto e com isso iremos gerar o
interesse de mais produtores, que querem diminuir a baixa produtividade e a
degradação das pastagens”, disse a pesquisadora do Projeto Intecral, Silvia
Berenice Quintana.
Os produtores terão à disposição dois perfuradores
para o plantio das mudas de plantas forrageiras em uma área denominada “banco
de proteínas”, que é uma parte da área da pastagem reservada para o plantio
destas leguminosas, com a função de complementar a dieta animal em regime
de pastejo controlado.
Segundo o supervisor local da Emater-Rio em Italva,
Carlos Marconi, o Rio Rural facilita a aquisição de material por parte dos
produtores, em todas as etapas de implantação do sistema. “Estamos promovendo
esse resgate do solo, melhorando a pastagem dos animais e, consequentemente, a
produção de leite. Deixamos de ter também custos com adubação química. O Rio
Rural participa de tudo, seja com aquisição de cerca, arame e mudas, seja com
acompanhamento técnico. Vale ressaltar que todos os 27 participantes são
beneficiados pelo Rio Rural e doze deles, também, pelo Projeto Intecral”, disse
Marconi.
De acordo com Sílvia Quintana, o banco de
forrageiras conta com 1.500 árvores, entre gliricídias e leucenas, além de três
mil mudas de amendoim forrageiro. Todas já estão no controle de treinamento da
Emater-Rio de Italva; e nos próximos dias já começam as irrigações. Um dos produtores mais entusiasmados com o banco de
forrageiras é Almerindo Correa da Silva, da microbacia Valão do Carcanjo. Para
ele, a implantação do sistema beneficiará toda a sua propriedade. “Já produzo
arroz, tomate, feijão, pimentão e agora terei esse grande benefício na produção
do leite. O Rio Rural vem me ajudando muito no apoio a esse novo sistema a ser
implantado”, frisou.
O produtor Nilton de Souza Fernandes, também da
microbacia Valão do Carcanjo, é outro entusiasta. “Acredito que a implantação
do sistema para aumentar a produção de leite vai superar as expectativas. Por
meio do Programa Rio Rural, pude aumentar minha economia com as novas
tecnologias implantadas. Temos que participar”, destacou.
O produtor rural Josué Gomes Moreira, da microbacia
Córrego do Marimbondo, que recebeu o convite para aplicação desse novo método
em sua propriedade, se sente lisonjeado. “Será muito produtiva a implantação
desse sistema. Estou sempre atuando nos projetos que são oferecidos pelo Rio Rural
e inserido na agricultura familiar”, disse.
O evento contou também com a participação de dois
pesquisadores da Pesagro-Rio e coordenadores do Núcleo de Pesquisa
Participativa do Rio Rural na região Noroeste. Segundo a pesquisadora Lucia
Valentini, o sistema é muito positivo para a produção local. “Temos um custo
menor e principalmente uma recuperação de áreas para o gado com o banco de
forrageiras”, disse. Já para o pesquisador Luiz Antônio de Oliveira, um
dos pontos importantes é o combate à falta d’água provocada pela estiagem. “O
sistema oferece também uma alternativa de suplementação alimentar para o gado
com a implantação do banco de forrageiras”, frisou.
Sistema silvipastoril (SSP) é a combinação intencional de
árvores, pastagem e gado numa mesma área, ao mesmo tempo e manejados de forma
integrada, com o objetivo de incrementar a produtividade da pecuária de leite.
Os SSPs geram benefícios econômicos e ambientais para os produtores e para a
sociedade. São sistemas multifuncionais, onde existe a possibilidade de
intensificar a produção pelo manejo integrado dos recursos naturais, evitando a
degradação do ambiente.