Esta coluna é publicada aos domingos |
Faz tempo que ando percebendo que Italva perdeu seu
movimento noturno nas praças e locais comuns de encontro. Onde está todo esse
povo? O que aconteceu? Lembro-me perfeitamente da Praça da Matriz cheia, os
quiosques faturando, gente de todas as idades e lugar. E olha que não faz tanto
tempo assim. Cheguei a pensar que a culpa era da internet, que de
certa forma vem nos escravizando gradativamente. Não. A rede ainda não é
a grande vilã do desaparecimento das pessoas da vida noturna italvense. O
problema é um pouco mais complexo.
Por hora descobri onde anda boa parte desse pessoal; Cardoso
Moreira. Isso mesmo. Logo alí. Na cidade vizinha. Já me relataram isso, mas só
agora ví com meus próprios olhos. Em um destes fins de semana fui até a cidade
carinho experimentar uma pizza em uma casa que está tão falada e recomendada
por aqui. De fato o lugar é aconchegante e o produto muito bom e para minha
surpresa, pertence a italvenses. E mais: Estava cheia de que? Italvenses.
Saindo da pizzaria resolvi tomar um sorvete na praça
principal da cidade, achando que veria o mesmo quadro desolador que vejo
ordinariamente em Italva. Tolo eu fui. Primeiro que pra estacionar o carro nas
proximidades foi difícil. Tive que deixar a uns 500 metros. Quando cheguei ao
local fiquei de boca aberta e pensei: Aqui não tem internet? Parecia que boa parte da população tinha marcado
encontro. Os quiosque lotados e bares no entorno cheios. O parque infantil,
que diga-se de passagem bem melhor que o daqui, tinha mais crianças que na
creche. Parecia uma festa, mas não era. "Apenas uma noite normal de sábado", me
disse um morador. E sabe o que mais me chamou atenção? Lá estavam muitos
italvenses.
Fiquei feliz por nossos amigos cardosenses, afinal, é
bonito ver o povo interagindo, se relacionando da forma tradicional, sorrindo,
comendo, bebendo e vivendo. Mas simultaneamente me entristeci ao lembrar da
minha Italva. O que houve conosco. Vamos sucumbir ao esquecimento? Vamos deixar
a chama se apagar? Se contentar em sair do município para encontrar diversão,
encontro, cultura e tudo mais?
Talvez estejamos errando pela omissão. Deixando
pra lá e considerando que não tem volta. Já era. Foi-se. Acabou. Não. Não
acabou. Ainda é possível recuperar o ânimo de nossa gente e resgatar aquilo que
temos de melhor. Vamos acordar, para que no futuro não nos arrependamos de ter
passado nossos dias em um sono profundo e de olhos abertos. Deus nos abençoe e
boa semana.
Erivelton Mendes é radialista desde 1995 e atualmente apresenta o Programa Canal Livre na Rádio Oásis FM em Italva. Saiba mais clicando aqui. Também está no Facebook e no Blogger.
Erivelton Mendes é radialista desde 1995 e atualmente apresenta o Programa Canal Livre na Rádio Oásis FM em Italva. Saiba mais clicando aqui. Também está no Facebook e no Blogger.