Desde que
era garoto e trabalhava na roça, lavrando a terra, ele já
entendia o que, para muita gente letrada, ainda hoje é um
complexo objeto de estudo: o narrar.“Eu ouvia com atenção
os versos entoados pelas Folias de Reis e descobri que também
poderia criar histórias, ser um narrador de fatos ao invés
de copiar e repetir palavras”, conta Antônio Carlos
Bernardo Marques. Instigado pelos acontecimentos antigos e
recentes de Italva, sua terra natal, o “Poeta”, como é
chamado pelos conterrâneos, encontrou sua própria
maneira de registrar a história: uma forma eloquente e rimada,
ao estilo da literatura de cordel.
Um pouco desta espécie de
narrativa oralizada da história está em Italva em
Versos I(1991) e Italva em Versos II (2009), os dois livros
individuais que Antônio Carlos publicou. Ambos narram o passado
da região habitada por índios puris e goytacazes e os
fatos atuais da cidade, desde sua emancipação, em 1986.
Além dos volumes I e II que cantam em versos a história
da Italva, Antônio Carlos – que cursou apenas o Ensino
Fundamental – tem um poema de sua autoria publicado no livro O
Chapéu do Gabriel – Livro de Viagem, de Gabriel Sant’Anna,
editado em 2011 pela Fundação Nacional de Artes
(Funarte).